Como fazer um logotipo para sua empresa
“O sobrinho da vizinha fez o meu logotipo de graça.”
Logotipo é coisa séria. Não estamos excluindo as chances do sobrinho da sua vizinha ser um excelente designer. Mas é comum que pensemos mais nos produtos que vamos (re)vender do que na marca que está por trás de todos eles. Por essas e outras, saber os conceitos básicos de como fazer um logotipo é essencial para empreendedores que desejam refletir o posicionamento da empresa em uma imagem.
A importância de ter um logotipo profissional
O logotipo é responsável por transmitir sua imagem para os clientes: missão, visão, valores e quaisquer outros conceitos que contribuam para a percepção da marca. Acima de tudo, um logotipo bem elaborado transmite profissionalismo e é capaz de interferir no índice de confiança que os consumidores têm a respeito de uma marca.
É fácil perceber, portanto, que a criação de um logotipo caseiro pode não ser a melhor saída. Você pode encontrar diversas ferramentas gratuitas pela internet, sites e profissionais que cobram barato. Pode ser tentador para orçamentos enxutos, mas pagar nada ou muito pouco para fazer um logotipo tem consequências a longo prazo, como:
– Trabalho de rebranding quando a marca está consolidada no mercado: o grande problema de criar um logo de forma precipitada é ter que investir em rebranding pouco tempo depois para se adaptar ao novo porte da empresa.
– Redução da aquisição e retenção de clientes: a reformulação do posicionamento e do branding de uma marca brasileira de lacticínios foi responsável por um aumento de 30% nas vendas. Isso significa que, com um logotipo simplório ou caseiro, a sua marca também pode estar perdendo uma parcela importante de clientes.
– Redução da confiança dos potenciais clientes: uma pesquisa conduzida pela BaseKit nos Estados Unidos procurou avaliar até que ponto a confiança em uma marca é afetada pela imagem. Foram 577 entrevistados que responderam a pergunta: “Você compraria em um site que tivesse um logotipo mal feito?”. 70% dos respondentes revelaram rejeitar e desconfiar de lojas virtuais que não investem na imagem da marca.
Como fazer um logotipo: o que você deve saber
Para ter um logotipo que transmita credibilidade, você precisará da ajuda de um profissional. Ainda assim, vale a pena ter ter alguns critérios em mente e saber como elaborar o briefing, avaliar a escolha do designer e os resultados esperados. Conheça alguns fundamentos abaixo.
1. Logotipo ou logomarca?
Logotipo é a conjunção de duas palavras de etimologia grega, logo (significado) e typos (figura). Logomarca é uma redundância porque significa o mesmo em duas etimologias diferentes: tanto em grego quanto em germânico quer dizer significado. Para não errar, você pode chamar sempre de logo, abreviação que os designers utilizam.
- Logotipo: vem do grego “logos” = significado + “typos”, também do grego = figura.
- Logomarca: vem do grego “logos” = significado + “markas”, do germânico = significado.
Agora que já sabe nomenclaturas e termos, é hora de passar pelas teorias, processos e dicas para ajustar o seu logotipo às tendências atuais e aprender as premissas de como fazer um logotipo antes de fazer o briefing para o designer ou para a agência contratada.
2. Combinações e harmonia de cores
Uma pesquisa feita pelo DesignBuddy revelou que 95% das grandes marcas mundiais utilizam uma ou duas cores no seu logotipo. Essa não é precisamente a receita do sucesso do seu negócio, mas é um dado para levar em consideração ao fazer um briefing de design.
Exemplo de resultado do Adobe Color Wheel.
Se você simplesmente não tem o dom de combinar cores, já existem ferramentas que podem fazer esse trabalho – e muito bem – por você. O Adobe Color Wheel é um site gratuito que você pode acessar para fazer as combinações que deseja. No site, é só girar o mouse pela roda de cores até ajustar a combinação perfeita.
Psicologia das cores
Já ouviu falar em psicologia das cores? É uma área da psicologia que se mistura com o design para entender quais são os impactos das cores na percepção dos consumidores.
- Amarelo – Otimista e jovem, frequentemente utilizado nas vitrines de lojas para chamar atenção dos consumidores.
- Vermelho – Energia, aumenta a frequência cardíaca e a sensação de urgência. Utilizado durante as liquidações.
- Azul – Cria a sensação de confiança e segurança. Geralmente é utilizado por bancos e setor de serviços.
- Verde – Associado à riqueza, é a cor que os olhos processam com mais facilidade. Bastante usada para relaxar em lojas.
- Laranja – Agressividade, cria uma “chamada para a ação”: “compre já”, “últimas unidades”, “não perca”.
- Roxo – É usado para acalmar. Geralmente é empregado em produtos de beleza e anti-idade.
- Preto – Poderoso e suave. Usado para produtos do mercado de luxo.
- Rosa – Romântico e feminino. Usado na comunicação de produtos voltados para mulheres e meninas.
O espectro de cores é muito maior do que os exemplos acima, mas a partir das cores primárias e secundárias você consegue ter uma ideia a respeito de como fazer um logotipo e como cada cor será interpretada pelo cliente.
3. Fontes
Exemplo de fonte a ser evitada.
Jamais recomende ao seu designer o uso de fontes como Comic Sans, Gigi, Gabriola, Jokerman e estilos que fogem à simetria. Tenha em mente que a tipografia não é responsável pela personalização do seu logotipo e que fontes sóbrias são mais recomendadas porque facilitam a leitura e o reconhecimento do cliente.
Veja abaixo algumas marcas conhecidas que utilizam a fonte Helvetica nos seus logotipos. Repare: mesmo que a tipografia seja a mesma e que a imagem abaixo esteja em preto e branco, cada logotipo tem a sua particularidade e dificilmente será confundido com outro:
Obviamente, isso não significa que você deva recomendar o uso da fonte Helvetica ao seu designer, mas simplificar a tipografia e investir em um toque único e sutil é um critério a ter em mente para saber como fazer um logotipo.
Com ou sem serifa?
Serifa é o prolongamento que observamos em alguns tipos de fontes, como a do Blog da Mandaê, que você está lendo agora. Veja abaixo a diferença entre fonte sem serifa e uma fonte serifada:
Consegue enxergar alguns prolongamentos na fonte do lado esquerdo do nosso exemplo? O nome disso é serifa. Repare que a fonte do lado direito tem as extremidades retas, sem prolongamentos.
Na Idade Média, os romanos utilizavam a serifa quando escreviam em pedras, para ter uma margem de erro nos cantos, já que qualquer falha poderia minar um trabalho demorado. Por ser um recurso antigo, a fonte com serifa é utilizada por marcas que queiram passar a sensação de tradição e luxo. Gucci, Armani e Johnnie Walker são alguns exemplos.
Já a fonte sem serifa, como nas imagens acima, ressurgiu com a imprensa moderna e tem se tornado uma tendência cada vez mais perceptível nos designs de logotipos, representando modernidade e praticidade.
4. Referências e conceito
Pesquise logos de sucesso, estilos e tendências relacionadas ao seu design. Bons sites para encontrar referências e se inspirar para saber como fazer um logotipo são o Logospire e o Logogala. Se quiser espiar o processo de criação de identidades visuais, use o The Art Hunters.
Aproveite essa etapa para entender mais sobre a sua concorrência e o logotipo – quais são os pontos fortes e fracos da imagem da sua marca e da concorrência. Assim, você conseguirá ter concepções mais valiosas para passar ao designer no briefing.
5. A escolha do designer
Teoricamente, você pode encontrar designers e diretores de arte em qualquer lugar, certo? Porém, para quem tem o orçamento mais enxuto, oferecemos algumas sugestões para encontrar pequenas agências e freelancers que podem fazer um bom trabalho porque sabem como fazer um logotipo.
- Behance: o Behance é um site da Adobe que reúne portfólios de designers de todo o mundo em diversos campos de atuação: fotografia, ilustração, direção de arte e design são alguns exemplos. Para encontrar portfólios e contatos de diretores de arte no Behance, você deve filtrar a sua pesquisa no site por país e, se quiser se reunir pessoalmente com o designer contratado, também vale filtrar os resultados por cidade.
- Agências Juniores: universidades que oferecem o curso de Publicidade e Propaganda ou Design costumam ter uma empresa júnior, formada a partir de alunos que queiram investir em um portfólio profissional. Para isso, eles fazem trabalhos para os clientes a preços baixos ou gratuitamente. Empresas juniores são a chance de pagar pouco com a sorte de encontrar um talento que ainda não foi descoberto pelo mercado e contribuir para a criação de portfólio dos alunos da instituição.
Como avaliar um portfólio
Pode acontecer a coincidência de você bater o olho em um agregador de portfólios e encontrar o diretor de arte da sua vida. Na maioria dos casos, encontrar o profissional ideal leva tempo. Além de ser um bom designer, o profissional que você vai contratar para fazer um logotipo tem que ter amostras de trabalho que se aproximem do resultado que você deseja em estilo, traços e cores.
Encontrar um designer com estilo semelhante ao que você deseja transmitir já é meio caminho andado para alinhar as expectativas ao redor do trabalho. Outros pontos a considerar são a experiência em criação de logotipos, disponibilidade do profissional e eventuais recomendações de clientes em redes como LinkedIn ou Behance.
Avaliação de resultados
Um dos principais erros que o cliente comete ao contratar um designer para criar um logotipo é omitir informações no briefing e exigi-las depois que o trabalho está feito. Isso faz com que os dois lados percam tempo e desgasta a relação entre a sua empresa e o diretor de arte. Por isso, é essencial partir sempre do pressuposto que, embora você imagine o resultado que espera, não tem como projetar essa expectativa no imaginário do designer contratado.
Assim, o jeito mais fácil de transmitir a mensagem desejada é usar as palavras. Não tenha medo de dizer o que quer que o seu cliente sinta quando vir o logo, para quem você quer direcionar a comunicação da sua empresa e alinhar as expectativas. Coloque isso no papel. Boa sorte!
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